terça-feira, 29 de setembro de 2020

PROF.LUCIVÂNIA- 7 ANOS A.F.G - PORTUGUÊS

 

Escola Estadual Professor Fernando Buonaduce 

Osasco 

Símbolos Estaduais 

Atividade de Recuperação 2 

Ensino Fundamental II 

Turmas: Sétimos:                    A / F /  

Professor (a): Lucivânia Maia 

Disciplina: Português 

Período: tarde 

 

               Recuperação de Língua Portuguesa 

Instruções para esta atividade: 

*Leiam o texto; 

*Copiem somente as respostas no caderno. Tire uma foto nítida; 

*Enviem para o meu e-mail: mlucivaniamaia@bol.com.br 

*Procurem enviar esta atividade até 16/10/2020 

 

Crônicaé o tipo de texto que aborda acontecimentos do dia a dia em uma narração curta e situa-se entre o jornalismo e a literatura. Muito encontrada nos meios de comunicação como revistas, jornais e rádios, tem como objetivo fazer uma análise crítica das situações cotidianas, possibilitando ao leitor uma reflexão sobre aquele assunto. 

Leia o texto a seguir para responder as próximas questões. 

 

Crônica: Um sonho de simplicidade 

                                          (Rubem Braga) 

        Então, de repente, no meio dessa desarrumação feroz da vida urbana, dá na gente um sonho de simplicidade. Será um sonho vão? Detenho-me um instante, entre duas providencias a tomar, para me fazer essa pergunta. Por que fumar tantos cigarros? Eles não me dão prazer algum; apenas me fazem falta. São uma necessidade que inventei. Por que beber uísque, por que procurar a voz de mulher na penumbra ou amigos no bar para dizer coisas vãs, brilhar um pouco, saber intrigas? 

        Uma vez, entrando numa loja para comprar uma gravata, tive de repente um ataque de pudor, me surpreendendo assim, a escolher um pano colorido para amarrar ao pescoço. 

        A vida poderia ser mais simples. Precisamos de uma casa, comida, uma simples mulher, que mais? Que se possa andar limpo e não ter fome, nem sede, nem frio. Para que beber tanta coisa gelada? Antes eu tomava água fresca da talha, e a água era boa. E quando precisava de um pouco de evasão, meu trago de cachaça. 

        Que restaurante ou boate me deu o prazer que tive na choupana daquele velho caboclo no Acre? A gente tinha ido pescar no rio, de noite. Puxamos a rede afundando os pés na lama, na noite escura, e isso era bom. Quando ficamos bem cansados, meio molhados, com frio, subimos a barranca, no meio do mato, e chagamos à choça de um velho seringueiro. Ele acendeu um fogo, esquentamos um pouco junto do fogo, depois me deitei numa grande rede branca – foi um carinho ao longo de todos os músculos cansados. E então ele me deu um pedaço de peixe moqueado e meia caneca de cachaça. Que prazer em comer aquele peixe, que calor bom em tomar aquela cachaça e ficar algum tempo a conversar, entre grilos e vozes distantes de animais noturnos. 

Seria possível deixar essa eterna inquietação das madrugadas urbanas, inaugurar de repente uma vida de acordar bem cedo?                 

             Outro dia vi uma linda mulher, e senti um entusiasmo grande, uma vontade de conhecer mais aquela bela estrangeira: conversamos muito, essa primeira conversa longa em que a gente vai jogando um baralho meio marcado, e anda devagar, como a patrulha que faz um reconhecimento. Mas por que, para que, essa eterna curiosidade, essa fome de outros corpos e outras almas? 

        Mas para instaurar uma vida mais simples e sábia, então seria preciso ganhar a vida de outro jeito, não assim, nesse comércio de pequenas pilhas de palavras, esse ofício absurdo e vão de dizer coisas, dizer coisas… Seria preciso fazer algo de sólido e de singelo; tirar areia do rio, cortar lenha, lavrar a terra, algo de útil e concreto, que me fatigasse o corpo, mas deixasse a alma sossegada e limpa. 

        Todo mundo, com certeza, tem de repente um sonho assim. É apenas um instante. O telefone toca. Um momento! Tiramos um lápis do bolso para tomar nota de um nome, um número… Para que tomar nota? Não precisamos tomar nota de nada, precisamos apenas viver – sem nome, nem número, fortes, doces, distraídos, bons, como os bois, as mangueiras e o ribeirão. 

 

Autor: Rubem Braga 

 

Questões: 

 

01 – No texto, o narrador: 

a)   Questiona o artificialismo do convívio social. 

b)   Revela-se cauteloso na defesa de um outro estilo de vida. 

c)   Cobra do ser humano uma atitude em face da vida que coincide com o Carpe Diem. 

d)   Estabelece proximidade entre o viver urbano e o viver rural. 

e)   Requer da sociedade uma postura mais solidária no convívio social. 

 

02 – “Um sonho de simplicidade”, para o narrador, seria ter uma vida: 

a)   Ligada aos bens / riquezas materiais. 

b)   Despojada, cuidando tão-somente de um viver filantrópico. 

c)   Em que o relacionamento entre as pessoas atendesse a convenções. 

d)   Em que a atividade física fosse intensa e servisse de bálsamo para a alma 

e)   De evasão ara um mundo de sonhos, em detrimento do mundo real. 

 

03 – O narrador: 

a)   No primeiro parágrafo, afirma a inutilidade de sonhar com outras formas de viver. 

b)   No segundo parágrafo, revela uma consciência crítica do seu comportamento urbano. 

c)   No terceiro parágrafo, põe em destaque a necessidade de afeto no relacionamento humano. 

d)   No quarto parágrafo, enfatiza as dificuldades que o homem enfrenta na vida rural. 

e)   No penúltimo parágrafo, apresenta a quebra da rotina da vida como inviável. 

 

04 – A alternativa cujo fragmento apresenta a mesma ideia do narrador no parágrafo final é: 

a)   “Os livros são objetos transcendentes / mas podemos amá-los do amor táctil”. 

b)   “Porque a frase, o conceito, o enredo, o verso / (É, sem dúvida, sobretudo o verso) / É o que pode lançar mundos no mundo”. 

c)   “Caminhando contra o vento / sem lenço, sem documento / No sol de quase dezembro / Eu vou”. 

d)   “Enquanto os homens exercem seus podres poderes / Índios e padres e bichos, negros e mulheres / E adolescente / Fazem o carnaval”. 

e)   “Sei que a arte é irmã da ciência / Ambas filhas de um Deus fugaz / Que faz num momento e o mesmo momento desfaz”. 

 

05 – Em seu sonho de simplicidade, o autor idealiza sobretudo: 

a)   Uma depuração maior no seu estilo de escrever, marcado por excessivo refinamento. 

b)   As pequenas necessidades da rotina, que cada um de nós cria inconscientemente. 

c)   Uma relação mais direta e vital do homem com os demais elementos da natureza. 

d)   O aperfeiçoamento do espírito, por meio de reflexões constantes e disciplinadas. 

e)   A paixão ingênua que pode nascer com a voz de uma mulher na penumbra. 

 

06 – Considere as seguintes afirmações: 

I – O autor condiciona a conquista de uma vida mais simples à possibilidade de viver sem precisar produzir nada, sem executar qualquer tipo de trabalho, afora o da pura imaginação. 

II – Alimentar um tal sonho de simplicidade é, na perspectiva do autor, uma característica exclusiva dos escritores que não mantém relações mais concretas com o mundo. 

III – Cigarros, gravatas e telefones são elementos utilizados pelo autor para melhor concretizar o mundo que representa uma antítese ao seu sonho de simplicidade. 

Em relação ao texto, está correto SOMENTE o que se afirma em: 

a)   I. 

b)   II. 

c)   III. 

d)   I e II. 

e)   II e III. 

 

07 – Na frase: “Mas, para instaurar uma vida mais simples e sábia, seria preciso ganhar a vida de outro jeito, não assim, nesse comércio de pequenas pilhas de palavras, esse ofício absurdo e vão de dizer coisas, dizer coisas...”. O autor: 

a)   Ressalta, com a repetição de dizer coisas, a importância de seu trabalho de escritor, pelo qual revela aos outros as verdades mais profundas. 

b)   Justifica com a expressão comércio de pequenas pilhas de palavras a visão depreciativa que tem de seu próprio ofício. 

c)   Apresenta como consequência de instaurar uma vida mais simples e sábia o fato de ganhar a vida de outro jeito. 

d)   Utiliza a expressão não assim para apontar uma restrição à vida que seria preciso ganhar de outro jeito. 

e)   Se vale da expressão ofício absurdo e vão para menosprezar o trabalho dos escritores que se recusam a profissionalizar-se. 

 

08 – A grafia de TODAS as palavras está correta na frase apresentada na alternativa: 

a)   A proposta do texto soa extravagante para quem não apreciar uma vida simples e natural. 

b)   A sujeição a velhas manias impede que se possa adotar comportamentos inovadores. 

c)   A vida displicente do homem moderno impõe um ritmo insano à rotina urbana. 

d)   A vida mais próxima da Natureza resgata a simplicidade, que empecilhos de toda ordem nos impedem de desfrutar. 

e)   A vida natural exclue, é obvio, os desvalores que encluímos no nosso dia-a-dia. 

09 – No fragmento retirado do texto de Rubem Braga “Sem nome, nem número, fortes, doces, distraídos, bons, como os bois, as mangueiras e o ribeirão”, o emprego da vírgula se justifica por: 

a)   Isolar adjunto adverbial quando antecipado na frase. 

b)   Destacar termos com função sintática diversa. 

c)   Enfatizar palavras repetidas ainda que necessárias. 

d)   Destacar as funções de vocativo e de aposto. 

e)   Separar termos que exercem a mesma função sintática. 

 

10 – A alternativa que contém uma palavra formada exatamente pelo mesmo processo pelo qual se obteve “seringueiro” é: 

a)   Cigarros. 

b)   Desarrumação. 

c)   Penumbra. 

d)   Reconhecimento. 

e)   Simplicidade. 

 

                                          Bom estudo! ProfªLucivânia Maia 

Nenhum comentário:

Postar um comentário