terça-feira, 4 de agosto de 2020

PROFESSORA MEIRE - LÍNGUA PORTUGUESA - 9 ANOS A, B e C

Atividades de aulas a distância 

De: 03 a 14 de agosto 

 

Disciplina: Língua Portuguesa                           

Professor: Meire de Jesus Santos     

Ano/série: 9º A, B, C 

Entrega até: 14 de agosto 

12 aulas 

 

Apostila SP faz escola – volume 3 

ATIVIDADE 1 – CONSIDERAÇÕES REFERENTES AO TEXTO LITERÁRIO. 

Antes da leitura de “Um Apólogo”, de Machado de Assis, pesquise o significado para os quatro verbetes a seguir: 

a) Apólogo: 

b) Foco narrativo  

c) Figura de linguagem: personificação  

d) Figura de linguagem: ironia 

 

Um apólogo 

 

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha: 

— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma cousa neste mundo? 

— Deixe-me, senhora. 

— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça. 

— Que cabeça, senhora?  A senhora não é alfinete, é agulha.  Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros. 

— Mas você é orgulhosa. 

— Decerto que sou. 

— Mas por quê? 

— É boa!  Porque coso.  Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu? 

— Você?  Esta agora é melhor. Você é que os cose? Você ignora que quem os cose sou eu e muito eu? 

— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados... 

— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando... 

— Também os batedores vão adiante do imperador. 

— Você é imperador? 

— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto... 

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser.  Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha: 

— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco?  Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou aqui entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima... 

A linha não respondia; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também, e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte. Continuou ainda nessa e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile. 

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário. E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava de um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha para mofar da agulha, perguntou-lhe: 

— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas?  Vamos, diga lá. 

Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:  

— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.  

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça: 

— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária! 

 
Texto extraído do livro "Para Gostar de Ler - Volume 9 - Contos", Editora Ática - São Paulo, 1984, pág. 59. 

 

Comecem pela PESQUISA (anotem no caderno, antes das respostas) 

Após a leitura do texto, respondam as questões abaixo: 

 

1. Quem são as personagens do texto? 

 

2. O texto narra uma série de preparativos para um evento. Esse evento se realiza na residência de quem? 

 

3.Assinale a melhor alternativa que caracteriza a atitude do Alfinete. 

a) Foi solidário com a Agulha, consolando - a. 

b) Também serviu de agulha para muita linha ordinária. 

c) Não se envolveu na história 

d) Apoiou a Linha. 

 

4.De acordo com o texto: 

a) O trabalho da Linha foi mais importante do que o da Agulha. 

b) Tanto a atitude da Agulha quanto a do Alfinete foram corretas. 

c) Apenas a Linha foi ao baile no corpo da baronesa. 

d) Apenas a Agulha foi ao baile no corpo da baronesa. 

 

5.Quem disse a frase: “Importe-se com sua vida e deixe a dos outros”? 

 

6.Qual é o adjetivo que caracteriza o Alfinete? 

 

7. Qual adjetivo o Alfinete usou para se referir à Agulha? 

 

8. “A linha não respondia nada; ia andando” 

Se passarmos os verbos destacados na frase acima para o pretérito perfeito do indicativo, teremos: 

a)    Respondeu, foi    b) responderia, iria             c) responde, vai      d) responderá, ir 

 

9. Qual a moral observada no texto, após a leitura? 

 

Observações: 

- Ler as questões solicitadas e responder NO CADERNO; 

- Tirar fotos e enviar para o meu e-mail 

 

 

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