Escola Estadual Professor Fernando Buonaduce | Osasco |
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Valor da atividade: de 0 a 10 | 3° Bimestre | Turmas: 1° D | |
Professora: Lucivânia Maia | Disciplina: Português | Período: noturno |
Instruções para esta atividade:
*Leiam o texto;
*Copiem somente as perguntas no caderno.
*Respondam as perguntas, tire uma foto nítida;
*Enviem para o meu e-mail: mlucivaniamaia@bol.com.br
Leia atentamente o conto a seguir para responder as questões.
Conto: Uma Vela para Dario
(Dalton Trevisan)
Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida de chuva, e descansou na pedra o cachimbo.
Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Dario abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque.
Ele reclina-se mais um pouco, estendido agora na calçada, e o cachimbo tinha apagado. O rapaz de bigode pediu aos outros que se afastassem e o deixassem respirar. Abre-lhe o paletó, o colarinho, a gravata e a cinta. Quando lhe tiram os sapatos, Dario rouqueja feio, bolhas de espuma surgiram no canto da boca.
Cada pessoa que chega ergue-se na ponta dos pés, não o pode ver. Os moradores da rua conversam de uma porta à outra, as crianças de pijama acodem à janela. O senhor gordo repete que Dario sentou-se na calçada, soprando a fumaça do cachimbo, encostava o guarda-chuva na parede. Mas não se vê guarda-chuva ou cachimbo ao seu lado.
A velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo. Um grupo o arrasta para o táxi da esquina. Já no carro a metade do corpo, protesta o motorista: quem pagaria a corrida? Concordam chamar a ambulância. Dario conduzido de volta e recostado à parede - não tem os sapatos nem o alfinete de pérola na gravata.
Alguém informa da farmácia na outra rua. Não carregam Dario além da esquina; a farmácia é no fim do quarteirão e, além do mais, muito peso. É largado na porta de uma peixaria. Enxame de moscas lhe cobre o rosto, sem que faça um gesto para espantá-las.
Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora, comendo e bebendo, aproveitam as delícias da noite. Dario em sossego e torto no degrau da peixaria, sem o relógio de pulso.
Um terceiro sugere lhe examinem os papéis, retirados - com vários objetos - de seus bolsos e alinhados sobre a camisa branca. Ficam sabendo do nome, idade; sinal de nascença. O endereço na carteira é de outra cidade.
Registra-se correria de uns duzentos curiosos que, a essa hora, ocupam toda a rua e as calçadas: era a polícia. O carro negro investe a multidão. Várias pessoas tropeçam no corpo de Dario, pisoteado dezessete vezes.
O guarda aproxima-se do cadáver, não pode identificá-lo — os bolsos vazios. Resta na mão esquerda a aliança de ouro, que ele próprio quando vivo - só destacava molhando no sabonete. A polícia decide chamar o rabecão.
A última boca repete — Ele morreu, ele morreu. A gente começa a se dispersar. Dario levou duas horas para morrer, ninguém acreditava estivesse no fim. Agora, aos que alcançam vê-lo, todo o ar de um defunto.
Um senhor piedoso dobra o paletó de Dario para lhe apoiar a cabeça. Cruza as mãos no peito. Não consegue fechar olho nem boca, onde a espuma sumiu. Apenas um homem morto e a multidão se espalha, as mesas do café ficam vazias. Na janela alguns moradores com almofadas para apoiar os cotovelos.
Um menino de cor e descalço veio com uma vela, que acende ao lado do cadáver. Parece morto há muitos anos, quase o retrato de um morto desbotado pela chuva.
Fecham-se uma a uma as janelas. Três horas depois, lá está Dario à espera do rabecão. A cabeça agora na pedra, sem o paletó. E o dedo sem a aliança. O toco de vela apaga-se às primeiras gotas da chuva, que volta a cair.
Autor: Dalton Trvisan
Interpretação Textual:
01-) Na cena inicial do conto, Dario está caminhando apressado na calçada de uma rua, mas algo acontece.
a-) O que acontece com Dario? (0,5)
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b-) Como as pessoas reagem inicialmente diante do ocorrido? (0,5)
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02-) Em torno de Dario, forma-se uma multidão. Uma “velhinha de cabeça grisalha grita que ele está morrendo”. São tomadas duas iniciativas para ajudar Dario: levá-lo até um táxi e, depois, levá-lo a uma farmácia próxima.
a-) Por que essas iniciativas não dão certo? (1,0)
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b-) A solidariedade que se verifica nas primeiras cenas se mantém durante toda história? Comente. (0,5)
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03-) Observe que, ao longo do conto, poucas informações são dadas sobre Dario: sabemos apenas qual é o seu nome e quais roupas e objetos ele usa. No quarto parágrafo do texto, desaparecem dois pertences de Dario: o guarda-chuva e o cachimbo.
O que a falta de informações sobre Dario pode representar? Seria um anonimato? Comente. (1,0)
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04-) Observe os trechos do conto:
“Ocupado o café próximo pelas pessoas que apreciam o incidente e, agora, comendo e bebendo, aproveitam as delícias da noite”.
“Várias pessoas tropeçam no corpo de Dario, pisoteado dezessete vezes”.
“Na janela alguns moradores com almofadas para apoiar os cotovelos”.
a-) Em que se transformou o corpo de Dario? (0,5)
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b-) Em que se transformou a morte de Dario para o povo que estava presente? (0,5)
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c-) Nos trechos acima, há ironia por parte do autor? Explique por quê? (0,5)
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05-) Os serviços públicos são sutilmente retratados no texto.
a-) Como a polícia é vista pela população? (0,5)
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b-) Como é o serviço funerário da prefeitura? Justifique sua resposta. (0,5)
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06-) No final do conto, há duas personagens cujas ações são diferentes das ações dos demais.
a-) Quais são esses personagens? O que suas ações expressam? (1,0)
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b-) O que esses personagens e suas ações podem representar, no contexto de uma cidade grande e impessoal? (1,0)
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07-) Pode-se dizer que o conto faz uma denúncia e uma crítica aos comportamentos humanos e às relações sociais? Por quê? (1,0)
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08-) Interprete o título “Uma vela para Dario”, explicando a relação entre o título e o conto. (1,0)
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Bom estudo!!!
Profª. Lucivânia Maia
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