OLÁ PESSOAL, SEGUE UMA ATIVIDADE DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO,UM APÓLOGO. ESSE CONTEÚDO FOI EXPLICADO NA PRIMEIRA SEMANA DE AGOSTO PELO CENTRO DE MÍDIAS.
PROFESSORA – MARIA GILVANDA - SÉRIES – 9º D, E, F e G
ENTREGA DA ATIVIDADE – 21/08/2020.
EMAIL PARA DEVOLUÇÃO - geuliaalves @gmail.com
Apólogo
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Apólogo é uma narrativa que busca ilustrar lições de sabedoria ou ética, através do uso de personagens inanimados com personalidades diversas.[1] Servem como exemplos os clássicos apólogos de Esopo e de La Fontaine. Serve como texto moralizante não explicito na narrativa "apólogo".
É comumente confundido com a fábula, que é focada nas relações que envolvem coisas e animais (ex: o livro Quem Mexeu no Meu Queijo e A Revolução dos Bichos), e com a parábola, que se centra nas histórias somente entre homens e comumente possui cunho religioso (ex: Parábolas de Jesus).
UM APÓLOGO
MACHADO DE ASSIS
Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:
— Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?
— Deixe-me, senhora.
— Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.
— Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.
— Mas você é orgulhosa.
— Decerto que sou.
— Mas por quê?
é boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?
— Você? Esta agora é melhor. Você é que cose?
— Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?
— Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...
— Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...
— Também os batedores vão adiante do Imperador.
— Você, Imperador?
— Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...
Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:
— Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...
A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.
Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário.
E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:
— Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta, para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.
Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:
— Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.
Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:
— Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!
ASSIS, Machado de. Uma antologia. Seleção, introdução e notas de Jonh Gledson. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. v.1.
1-O texto que você leu fala sobre a importância de:
(A) deixar em paz quem faz o bem a todos.
(B) ter orgulho de saber costurar.
(C) ajudar mesmo a quem não merece.
(D) desprezar quem é teimoso.
2- O narrador fala de si em:
(A) "A linha não respondia nada; ia andando."
(B) "Contei esta história a um professor de melancolia."
(C) "Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile (...)?"
(D) "Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária."
3- A finalidade do texto é:
(A) apresentar a conversa entre uma linha e uma agulha.
(B) divulgar um texto de Machado de Assis.
(C) informar sobre a vida de uma agulha e de uma linha.
(D) narrar uma história para ensinar uma moral.
4- A frase que expressa uma opinião é:
(A) "Deixe-me, senhora."
(B) "Mas você é orgulhosa."
(C) " Vamos, diga lá."
(D) "Você é que cose?"
5- No trecho "E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia plic da agulha no pano.", a expressão sublinhada representa:
(A) barulho.
(B) calma.
(C) movimento.
(D) silêncio.
6- No trecho "Que a deixe? Que a deixe, por quê?", os pontos de interrogação têm efeito de:
(A) apresentar.
(B) avisar.
(C) desafiar.
(D) questionar.
7- A agulha da história aprendeu que deve:
(A) desejar tudo porque tudo perderá.
(B) fazer o bem, sem esperar reconhecimento dos outros.
(C) praticar a gratidão, porque será recompensada.
(D) ser gananciosa, para tornar-se vítima da própria ganância.
8- Qual era o motivo da discussão entre a linha e a agulha?
_________a ARROGANCIA DA LINHA _____________________________
9- Para você quem é realmente responsável pela costura?
a) A agulha b) a linha c) a costureira
10- Quem são os personagens do texto?
A AGULHA E A LINHA
________________________________
11- Qual o tema discutido no texto? Assinale a(s) alternativa(s) correta(s).
( ) o orgulho ( ) a vaidade ( ) a humildade
( ) a modéstia ( ) a bondade ( ) a simplicidade
( ) egoísmo ( ) prepotência
12- Quais características a linha e a agulha tinham em comum?
( ) Eram humildes;
( ) Eram orgulhosas;
( ) Eram trabalhadoras;
( ) Eram vaidosas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário