sexta-feira, 14 de agosto de 2020

PROF. MARIA GILVANDA - PORTUGUÊS - 9 anos D. E. F. G-

 OLÁ PESSOAL, SEGUE UMA  ATIVIDADE DE INTERPRETAÇÃO DE TEXTO,UM APÓLOGO. ESSE CONTEÚDO FOI EXPLICADO NA PRIMEIRA SEMANA DE AGOSTO PELO CENTRO DE MÍDIAS.

PROFESSORA – MARIA GILVANDA  -  SÉRIES – 9º D, E, F e G

ENTREGA DA ATIVIDADE 21/08/2020.

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Apólogo

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Apólogo é uma narrativa que busca ilustrar lições de sabedoria ou ética, através do uso de personagens inanimados com personalidades diversas.[1] Servem como exemplos os clássicos apólogos de Esopo e de La Fontaine. Serve como texto moralizante não explicito na narrativa "apólogo".

É comumente confundido com a fábula, que é focada nas relações que envolvem coisas e animais (ex: o livro Quem Mexeu no Meu Queijo e A Revolução dos Bichos), e com a parábola, que se centra nas histórias somente entre homens e comumente possui cunho religioso (ex: Parábolas de Jesus).

 

UM APÓLOGO       

MACHADO DE ASSIS

 

Era uma vez uma agulha, que disse a um novelo de linha:

—   Por que está você com esse ar, toda cheia de si, toda enrolada, para fingir que vale alguma coisa neste mundo?

—     Deixe-me, senhora.

—   Que a deixe? Que a deixe, por quê? Porque lhe digo que está com um ar insuportável? Repito que sim, e falarei sempre que me der na cabeça.

—    Que cabeça, senhora? A senhora não é alfinete, é agulha. Agulha não tem cabeça. Que lhe importa o meu ar? Cada qual tem o ar que Deus lhe deu. Importe-se com a sua vida e deixe a dos outros.

—     Mas você é orgulhosa.

—     Decerto que sou.

—     Mas por quê?

é boa! Porque coso. Então os vestidos e enfeites de nossa ama, quem é que os cose, senão eu?

—      Você? Esta agora é melhor. Você é que cose?

—      Você ignora que quem os cose sou eu, e muito eu?

—    Você fura o pano, nada mais; eu é que coso, prendo um pedaço ao outro, dou feição aos babados...

—    Sim, mas que vale isso? Eu é que furo o pano, vou adiante, puxando por você, que vem atrás obedecendo ao que eu faço e mando...

—      Também os batedores vão adiante do Imperador.

—      Você, Imperador?

—    Não digo isso. Mas a verdade é que você faz um papel subalterno, indo adiante; vai só mostrando o caminho, vai fazendo o trabalho obscuro e ínfimo. Eu é que prendo, ligo, ajunto...

Estavam nisto, quando a costureira chegou à casa da baronesa. Não sei se disse que isto se passava em casa de uma baronesa, que tinha a modista ao pé de si, para não andar atrás dela. Chegou a costureira, pegou do pano, pegou da agulha, pegou da linha, enfiou a linha na agulha, e entrou a coser. Uma e outra iam andando orgulhosas, pelo pano adiante, que era a melhor das sedas, entre os dedos da costureira, ágeis como os galgos de Diana — para dar a isto uma cor poética. E dizia a agulha:

—     Então, senhora linha, ainda teima no que dizia há pouco? Não repara que esta distinta costureira só se importa comigo; eu é que vou entre os dedos dela, unidinha a eles, furando abaixo e acima...

A linha não respondia nada; ia andando. Buraco aberto pela agulha era logo enchido por ela, silenciosa e ativa, como quem sabe o que faz, e não está para ouvir palavras loucas. A agulha, vendo que ela não lhe dava resposta, calou-se também e foi andando. E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia mais que o plic-plic-plic-plic da agulha no pano. Caindo o sol, a costureira dobrou a costura, para o dia seguinte; continuou ainda nesse e no outro, até que no quarto acabou a obra, e ficou esperando o baile.

Veio a noite do baile, e a baronesa vestiu-se. A costureira, que a ajudou a vestir-se, levava a agulha espetada no corpinho, para dar algum ponto necessário.

E enquanto compunha o vestido da bela dama, e puxava a um lado ou outro, arregaçava daqui ou dali, alisando, abotoando, acolchetando, a linha, para mofar da agulha, perguntou-lhe:

         Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile, no corpo da baronesa, fazendo parte do vestido e da elegância? Quem é que vai dançar com ministros e diplomatas, enquanto você volta, para a caixinha da costureira, antes de ir para o balaio das mucamas? Vamos, diga lá.

Parece que a agulha não disse nada; mas um alfinete, de cabeça grande e não menor experiência, murmurou à pobre agulha:

         Anda, aprende, tola. Cansas-te em abrir caminho para ela e ela é que vai gozar da vida, enquanto aí ficas na caixinha de costura. Faze como eu, que não abro caminho para ninguém. Onde me espetam, fico.

Contei esta história a um professor de melancolia, que me disse, abanando a cabeça:

        Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária!

 

ASSIS, Machado de. Uma antologia. Seleção, introdução e notas de Jonh Gledson. São Paulo: Companhia das Letras, 1998. v.1.

 

1-O texto que você leu fala sobre a importância de:

(A)      deixar em paz quem faz o bem a todos.

(B)      ter orgulho de saber costurar.

(C)       ajudar mesmo a quem não merece.

(D)      desprezar quem é teimoso.

 

2-          O narrador fala de si em:

(A)      "A linha não respondia nada; ia andando."

(B)      "Contei esta história a um professor de melancolia."

(C)       "Ora, agora, diga-me, quem é que vai ao baile (...)?"

(D)       "Também eu tenho servido de agulha a muita linha ordinária."

 

3-          A finalidade do texto é:

(A)       apresentar a conversa entre uma linha e uma agulha.

(B)       divulgar um texto de Machado de Assis.

(C)       informar sobre a vida de uma agulha e de uma linha.

(D)        narrar uma história para ensinar uma moral.

 

4-           A frase que expressa uma opinião é:

(A)    "Deixe-me, senhora."

(B)    "Mas você é orgulhosa."

(C)    " Vamos, diga lá."

(D)               "Você é que cose?"

 

5-        No trecho "E era tudo silêncio na saleta de costura; não se ouvia plic da agulha no pano.", a expressão sublinhada representa:

(A)    barulho.

(B)    calma.

(C)    movimento.

(D)            silêncio.

 

6-   No trecho "Que a deixe? Que a deixe, por quê?", os pontos de interrogação têm efeito de:

(A)            apresentar.

(B)            avisar.

(C)         desafiar.

(D)         questionar.


7-          A agulha da história aprendeu que deve:

(A)         desejar tudo porque tudo perderá.

(B)         fazer o bem, sem esperar reconhecimento dos outros.

(C)         praticar a gratidão, porque será recompensada.

(D)           ser gananciosa, para tornar-se vítima da própria ganância.

 

8-   Qual era o motivo da discussão entre a linha e a agulha?

_________a ARROGANCIA DA LINHA _____________________________


9-   Para você quem é realmente responsável pela costura?

a)   A agulha             b) a linha            c) a costureira

 

10-              Quem são os personagens do texto?

 

A AGULHA E A LINHA

 ________________________________

11-  Qual o tema discutido no texto? Assinale a(s) alternativa(s) correta(s).

(   ) o orgulho                        (   ) a vaidade                          (  ) a humildade

(   ) a modéstia                      (   ) a bondade                       (  ) a simplicidade

(   ) egoísmo                          (   ) prepotência

 

12- Quais características a linha e a agulha tinham em comum?

(   ) Eram humildes;

(   ) Eram orgulhosas;

(   ) Eram trabalhadoras; 

(   ) Eram vaidosas.

 

 

 

 

 

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