segunda-feira, 11 de maio de 2020

Prof Silvia Siqueira LP 8F, G


E.E. PROF. FERNANDO BUONADUCE

Língua Portuguesa – 8º F e 8º G – Prof.ª Silvia Siqueira – 11/05/2020

TEXTO: Preconceito na Escola? Que bobagem...
                Várias facetas do preconceito se manifestam na escola com mais frequência do que gostaríamos de admitir. Além disso, a escola é um lugar privilegiado para discutir a questão do preconceito e até para iniciar um trabalho com vistas a atenuar sai força. (...)
                (...) No passado gostávamos de dizer que no Brasil não existia o preconceito, éramos uma “ilha de tolerância num mundo intolerante”, e que o brasileiro era cordial por natureza. Hoje não temos mais esta ilusão e começamos a perceber que o monstro da intolerância pode mudar de cara (ele tem mais de 12 faces), e pode estar ainda mais perto do que imaginávamos.
                O preconceito e a própria discriminação (discriminação é o preconceito em ação) ganham terreno quando falamos da suposta inferioridade da mulher com relação ao homem, do velho com relação ao jovem, do índio com relação ao branco. Se a mulher tem menos força do que o homem, possui por outro lado mais resistência e vive mais. Além disso, do ponto de vista intelectual não há nenhuma diferença provada entre eles. Se o jovem tem a pele mais lisa e mais vigor, perde em experiência e em tolerância e mesmo o mito da criatividade exclusivamente juvenil pode ser questionado por homens que fizeram suas descobertas ou criaram suas obras já na velhice, como Goethe, Leonardo da Vinci e mesmo Albert Sabin.
                Discriminamos os portadores de deficiências ao não cuidarmos de nossas calçadas (impedindo assim a passagem de deficientes visuais) e por não termos transportes coletivos adequados a deficientes físicos. De resto, cultivamos no Brasil uma história de preconceito social contra os pobres. As cidades são feitas para os automóveis e os pedestres continuam sendo desrespeitados, apesar das leis a seu favor que “não pegaram”.
                Antes de afirmar que uma categoria social é assim, devemos ponderar se é realmente assim. Se uma característica, um comportamento qualquer, aparece com certa frequência em pessoas pertencentes a determinada raça, sexo, origem ou categoria social, devemos ter o cuidado de não generalizar esse comportamento para o grupo como um todo e, sobretudo, indagar se essa característica realmente ocorre e, nesse caso, por que ocorre. (...) assunto, em vez de nos fazer aceitar bobagens como verdades definitivas.
                Tem gente que leva o preconceito na brincadeira, achando que piadinhas e gozações sobre as minorias não têm maior significado. Errado. Certo tipo de conversa de corredor falando da inferioridade dos negros e das mulheres, dos nordestinos e dos judeus, dos velhos, dos gordos, dos baixinhos e até dos jovens tem que ser levado em considerações e, muitas vezes, combatido com veemência, por ser falso, sem base histórica ou biológica alguma. Acaba funcionando para marginalizar da prática da cidadania todos os que se enquadram em categorias definidas pelo preconceituoso como merecedoras do repúdio coletivo. Será que é assim que se forma uma nação verdadeiramente democrática?
(Jaime Pinsky. In 12: 12 faces do preconceito. São Paulo, Contexto, 1999. P. 7-9)

VOCABULÁRIO
Faceta: lado, face
Atenuar: diminuir
Tolerância: indulgência, respeito a opiniões diferentes
Cordial: afável
Goethe: famoso escritor alemão do século XIX, autor de Fausto
Leonardo da Vinci: pintor renascentista, autor da obra famosa tela Monalisa
Albert Sabin: cientista, inventor da vacina contra poliomielite
Veemência: vigor
Repúdio: rejeição

Informações sobre o autor Jaime Pinsky: é historiador e professor da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Escreveu, entre outros, os livros Escravidão no Brasil e Cidadania e edecação. É colaborador dos jornais Folha de S. Paulo e O Estado de S. Paulo
               
 DISCRIMINAÇÃO
Numa sociedade competitiva como a nossa, o ato de etiquetar o outro como diferente e inferior tem por função definir-nos, por comparação, como superiores. Atribuir características negativas aos que nos cercam significa ressaltar nossas qualidades, ainda que imaginárias. Quando passamos a ideia à ação, isto é, quando não apenas dizemos que o outro é inferior, mas agimos como se de fato o fosse, estamos discriminando as pessoas e os grupos por causa de uma característica que atribuímos a eles.

ATIVIDADE: RECONSTRUINDO O TEXTO

1 - Você acha que este texto foi escrito com a finalidade de informar, transmitir conhecimentos ou opinas, expressar o ponto de vista sobre determinado assunto?

2 – Releia o título do texto e o primeiro parágrafo. O que você notou? Explique.

3 – Por que, segundo o autor, é importante discutir a questão do preconceito na escola?

4 – O autor fala de vários tipos de preconceito. Cite-os.

5 – O que o autor pensa das pessoas que levam o preconceito “na brincadeira, achando que piadinhas e gozações sobre as minorias não têm maior significado”?

6 – Como você interpreta a afirmação de que discriminação é o preconceito em ação”? Pra responder, leia também o texto Discriminação, acima escrito.

7 – O autor termina explicando por que o preconceito deve ser combatido de todas as formas. Que razão ele nos apresenta

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