E.E. PROF. FERNANDO BUONADUCE – 2º
bimestre (1)
LÍNGUA PORTUGUESA E LITERATURA – 2º
ANO A, B,
C e D - (Prof.ª Silvia Siqueira) (08/06/2020)
Poesia romântica - 3ª geração
- Castro Alves (1847 – 1871) – Duas vertentes marcam a sua obra: a
poesia social e a poesia lírica.
Sua poesia social caracteriza-se pelos temas abolicionistas e de
libertação dos povos; incorpora o negro, de forma definitiva, na literatura,
apresentando-o como herói e como um ser amoroso, ativo, sofredor, esperançoso e
lutador. Com suas antíteses, hipérboles, apóstrofes e metáforas grandiosas,
tem-se aa chamada “poesia condoreira”.
Leia o texto que segue e no caderno responda as questões que seguem, o
envio da atividade deve ser feito e-mail silviasiqueira.malu@gmail.com
ou watts 9 9508-2569.
O NAVIO NEGREIRO (TRAGÉDIA NO MAR)
4ª 5ª
Era um sonho dantesco... O tombadilho Senhor
Deus dos desgraçados!
Que das luzernas avermelha o brilho, Dizei-me
vós, Senhor Deus!
Em sangue a se banhar. Se
é loucura... se é verdade
Tinir de ferros... estalar de açoite... Tanto
horror perante os céus...
Legiões de homens negros como a noite Ó mar! Por
que não apagas
Horrendos a dançar... Co’a
esponja de tuas vagas
De
teu manto este borrão?...
Negras mulheres, suspendendo às tetas Astros!
Noite! Tempestade!
Magras crianças, cujas bocas pretas Rolai
das imensidades!
Rega o sangue das mães: Varrei
os mares, tufão!...
Outras, moças... mas nuas,
espantadas,
No turbilhão de espectros arrastadas, Quem são
estes desgraçados,
Em ânsias e mágoa vãs. Que
não encontram em vós,
Mais
que o rir calmo da turba
E rir-se a orquestra irônica,
estridente... Que
excita a fúria do algoz?
E da roda fantástica a serpente Quem
são? ... Se a estrela se cala,
Faz doudas espirais... Se
a vaga à pressa resvala
Se o velho arqueja... se no chão
resvala, Como
um cúmplice fugaz
Ouvem-se gritos... o chicote estala. Perante
a noite confusa...
E voam mais e mais... Dize-o
tu, severa musa,
Musa
libérrima, audaz!...
Presa nos elos de uma só cadeia,
A multidão faminta cambaleia,
E chora e dança ali!
(5º cont)
São os filhos do deserto
Onde a terra esposa a luz.
Onde voa em campo aberto
A tribo dos homens nus...
São os guerreiros ousados,
Que com os tigres mosqueados
Combatem na solidão...
Homens simples, fortes, bravos...
Hoje míseros escravos
Sem ar, sem luz, sem razão...
6ª
E existe um povo que a bandeira
empresta
Pr’a cobrir tanta infâmia e
cobardia!...
E deixa-a transformar-se nessa festa
Em manto impuro de bacante fria!...
Meu Deus! Meu Deus! Mas que bandeira
é esta.
Que impudente na gávea tripudia?!...
Silêncio!... Musa! Chora, chora tanto
Que o pavilhão se lave no teu
pranto...
Auriverde pendão da minha terra,
Que a brisa do Brasil beija e
balança,
Estandarte que a luz do sol encerra,
E as promessas divinas da
esperança...
Tu, que da liberdade após a guerra,
Foste hasteado dos heróis na lança,
Antes te houvessem roto na batalha,
Que servires a um povo de
montanha!...
..................................................................................
VOCABULÁRIO
Dantesco: evocação das cenas horríveis do
“inferno” descritas por Dante Alighieri na Divina Comédia.
Luzernas: clarões
Vaga: Tipo de onda
Turba: multidão
Audaz: corajosa, ousada
Bacante: devassa, libertina
Gávea: mastro suplementar
ATIVIDADE
1) A que são comparados os movimentos
dos negros no convés?
2)
Como
são produzidos os sons dessa dança macabra?
3)
Apóstrofe
é uma figura retórica que consiste em dirigir-se o orador a uma pessoa ou coisa
real ou fictícia, solicitando uma intervenção. Transcreva algumas apóstrofes do
início da 5ª parte.
4)
O
poeta dignifica os negros, descrevendo-os, no final da 5ª parte, como eram
antes de serem escravizados. O que os caracterizava antes de se tornarem
“míseros escravos”?
5)
Qual
o motivo da indignação do poeta expressa na 6ª parte?
6) Transcreva o verso da última estrofe
construído em aliteração (repetição de fonemas)
“Ninguém
nasce odiando outra pessoa pela cor de sua pele, por sua origem ou ainda por
sua religião. Para odiar, as pessoas precisam aprender, e se podem aprender a
odiar, elas podem ser ensinadas a amar.”
(Nelson Mandela)
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