terça-feira, 7 de julho de 2020

Prof. Silvia Siqueira. 3 Termo A. Disciplina: Língua e Literatura

E.E. PROF. FERNANDO BUONADUCE – 2º bimestre (5)

LÍNGUA E LITERATURA – 3TA (Prof.ª Silvia Siqueira) (07/07/2020)



ANÁLISE DE TEXTO - PRÉ-MODERNISMO



- Leia atentamente o texto que segue, responda as questões e envie a atividade por watts zap 9 9508-2569 ou pelo e-mail silviasiqueira.malu@gmail.com

Texto: JECA TATU (Monteiro Lobato)

Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!
Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...
Quando comparece às feiras, todo mundo logo advinha o ele traz: sempre coisas que a natureza derrama pelo mato e ao homem só custa o gesto de espichar a mão e colher (...) Nada mais.
Seu grande cuidado é espremer todas as consequências da lei do menor esforço – e nisto vai longe.
Começa na moradia. Sua casa de sapê e lama faz sorrir aos bichos que moram em toca e gargalhar ao João-de-barro. Pura biboca de bosquímano. Mobília, nenhuma. A cama é uma espipada esteira de peri posta sobre o chão batido.
Às vezes se dá ao luxo de um banquinho de três pernas – para os hóspedes. Três pernas permitem equilíbrio; inútil, portanto, meter a quarta, o que ainda o obrigaria a nivelar o chão. Para que assentos, se a natureza os dotou de sólidos, rachados, calcanhares sobre os quais se sentam?
Nenhum talher. Não é a munheca, garfo um talher completo – colher, garfo e faca a um tempo?
Seus remotos avós não gozaram maiores comodidades. Seus netos não meterão quarta perna ao banco. Para quê? Vive-se bem sem isso.
Se pelotas de barro caem, abrindo seteiras na parede, Jeca não se move a repô-las. Ficam pelo resto da vida os buracos abertos, a entremostrarem nesgas de céu.
Quando a palha do teto, apodrecida, greta em fendas por onde pinga a chuva, Jeca, em vez de remendar a tortura, limita-se, cada vez que chove, a aparar numa gamelinha a água gotejante...
Remendo... Para quê? Se uma casa dura dez anos e faltam “apenas” nove para que ele abandone aquela? Esta filosofia economiza reparos.


-Vocabulário:
Biboca: Casa humilde com cobertura de palha.
Bosquímano: Indivíduo dos bosquímanos, povo sul-africano.
Espipar: Esticar, estender.
Peri ou (piri): Espécie de junco do qual se fazem esteiras; piripiri.
Munheca: Mão
Remoto: Antigo, distante
Seteira: fresta
Nesga: Pequeno espaço
Gretar: rasgar
Gamela: Vasilha de madeira ou barro.


MARGENS DO TEXTO (pg.345)

1) O que podemos concluir ao compararmos a personagem de Monteiro Lobato com o índio Peri, de José de Alencar, e os bravos e orgulhosos caboclos dos romances regionalistas do mesmo período?


2) Em Jeca Tatu, Monteiro Lobato investe contra a idealização do caboclo, apontando algumas de suas características negativas. Qual delas é a mais criticada no texto?


3) “Jeca mercador, Jeca lavrador, Jeca filósofo...” Este parágrafo refere-se ao Jeca de Monteiro Lobato ou aos caboclos dos romances românticos?


4) Você crê que Monteiro Lobato queria chamar a atenção para uma realidade que deveria ser mudada ou pretendeu apenas ridicularizar o caboclo? Por quê?



HORIZONTES DO TEXTO

“Pobre Jeca Tatu! Como és bonito no romance e feio na realidade!”

Em Urupês (1918), Monteiro Lobato cria a figura do Jeca Tatu, o caipira atrasado e indolente. Mais tarde, Lobato se conscientizaria de que o tipo era uma consequência de problemas socioeconômicos e da ausência de reformas que dessem ao homem do campo condições de desenvolvimento.

- Para você, que reformas e ações governamentais podem contribuir para a melhoria das condições de vida do homem no campo

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