quinta-feira, 2 de abril de 2020

Professora: Lucivânia - Português - 7º A, F, G Atividade 3

Escola Estadual Professor Fernando Buonaduce
Osasco
Ensino Fundamental II
Abril de 2020
Turmas: Sétimos:                   A/F/G
Professor (a): Lucivânia Maia
Disciplina: Português
Período: tarde








Leia o conto, em seguida copie as questões e responda no caderno.               

                                 Conto: O gigante 
                                             (trecho)



Se dava vexame nos números, até certo ponto alegrava o pai com as redações. Havia um quadro na parede da sala que o acompanhava desde os tempos de moleque em São Cristóvão, desde os tempos do tal Absalão: um menino levando um feixe de lenha para uma casa à beira de um rio, a fumaça saindo de uma chaminé, um quadro campestre de autor francês.
        A pedido dele, fiz umas cinco ou seis composições sobre aquilo, variando o nome do menino e do lugar, ora o menino era órfão explorado pela madrasta cruel, ora o menino estava perdido na floresta e encontrava uma casa na qual pediria abrigo, eu me virava como podia.
        Ele corrigia aqui e ali, riscava frases, colocava enormes interrogações nos trechos em que ficara faltando alguma coisa, mas sempre deixava escrito a lápis azul um “muito bem”, um “bravo”.
        Deu-me certa vez um tema livre: “Escreva sobre o que quiser. Cuidado com as concordâncias. Não se esqueça de que os advérbios atraem os pronomes”.
        Passei a tarde em cima de um caderno de folhas muito brancas. A tinta que ele me destinara era vermelha, marca Sardinha, como sempre. A pena era nova.
        Eu não tinha um tema, olhava o papel branco, nunca esqueci essa página em branco, sabia que seria gostoso escrever alguma coisa nela. Não sabia o quê. Pensei em repetir a dose e recontar a história do menino com o feixe de lenha, a casinha à beira do rio, a chaminé deitando fumaça. Era um tema íntimo, recorrente, no qual me sentia à vontade.
        De repente, tive vontade de escrever sobre um gigante que vinha todas as noites e me trazia bombons e balas. Um gigante que fazia coisas terríveis que me amedrontavam mas que eu gostava dele porque, no final de tudo, ele sempre tirava de um alforje de couro um brinquedo, e me mandava brincar. Um gigante que morava longe, onde moram o vento e as coisas do mundo, que apesar de morar tão longe nunca deixava de chegar, em horas estranhas, mas sempre chegando, porque sabia que eu precisava dele.
        O pai corrigiu fartamente, riscou com traços vermelhos uma concordância abominável, substituiu um “medonho” por “terrível” e achou razoável a composição. Disse que eu precisava ler o Zé de Alencar, depois o Machado, mais tarde o Eça.
        Pensou um pouco, desconfiou que nem Machado nem Eça seriam apropriados a um seminarista, falou em Vieira, em Bernardes, tinha uma edição de A nova floresta, falou, falou, falou – e não compreendeu.

        Quase memória, quase romance. São Paulo, Cia. das Letras, 1996.
Fonte: Português – Linguagem & Participação, 5ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1999, p. 234-6.
Autor: Carlos Heitor Cony

Copie as questões e responda no caderno.

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:
·        Vexame: 

·        Campestre: 

·        Íntimo: 

·        Recorrente: 

·        Alforje: 

·        Fartamente: 

·        Abominável: 


02 – Quem são as personagens do texto?


03 – Qual o foco narrativo utilizado no texto Procure um trecho que justifique sua resposta.
      

04 – Ao escrever várias vezes sobre a mesma gravura, o menino revela algumas qualidades. Quais são elas?
      


05 – Por que o menino demorou a escrever sobre o tema livre?
     (Resposta pessoal)


06 – Como era a história que o menino escreveu?
      


07 – Quem era na verdade o gigante?




08 – O que faz o pai diante do texto do filho?




09 – O que o pai não compreendeu?



10 – Faça uma pesquisa resumida sobre o autor do conto, pesquise também outro conto dele para você ler.


Bom estudo!
Profª Lucivânia Maia

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