Escola
Estadual Professor Fernando Buonaduce
Osasco
Ensino
Fundamental II
Abril
de 2020
Turmas:
Sétimos: A/F/G
Professor
(a): Lucivânia Maia
Disciplina:
Português
Período:
tarde
TEXTO: NO AEROPORTO
CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE
Leia o texto
atentamente, em seguida responda as questões.
Viajou meu amigo
Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor.
Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não
falássemos de vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não
deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de
palavras e, a bem dizer, não se digne pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas;
o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender
admiravelmente. É o seu sistema.
Passou
dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores,
com ou sem motivo. Plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque
ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo
considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo
ocidental e o oriental, e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores,
vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da
falta de dentes), abonam a classificação.
Objeto
que visse em nossa mão, requisitava-º Gosta de óculos alheios (e não os usa),
relógio de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório,
botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las,
mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca.
Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha
este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis
– porque me esquecia dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer
suspeita apressada, sobre a razão íntima de seus atos.
Poderia
acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o
que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque
destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei
para Pedro que não me sorrisse; tivesse
eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de
olhar-me.
Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade – e, até, que a
nossa amizade lhes conferia caráter necessário, de prova; ou gratuito, de
poesia e jogo.
Viajou
meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a
seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.
Autor:Carlos Drummond de Andrade
Questões:
01 – Como você classificaria Pedro: uma pessoa egoísta ou egocêntrica?
Justifique sua resposta.
02 – O gênero textual ao qual se enquadra o texto “No aeroporto”, de
Carlos Drummond de Andrade, é:
a) Conto.
b) Fábula.
c) Crônica.
d) Ensaio.
03 – Qual a intenção do narrador ao usar a expressão grifada no trecho
abaixo?
“Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva.”
a) Destacar o poder do
sorriso de Pedro na vida das pessoas.
b) Apreciar a ousadia
de Pedro quando sorri para as pessoas.
c) Mostrar o sorriso
como elemento de fantasia na vida de Pedro.
d) Expressar a
influência que o sorriso dissimulado exerce.
e) Demonstrar a
inquietação de Pedro ao sorrir para as pessoas.
04 – Que significa a palavra sublinhada sugere no contexto?
“Fico refletindo na falta que faz um
amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído”.
05 – Pela descrição do autor a respeito de Pedro no início do texto,
como Pedro nos parece?
06 – E afinal quem é Pedro?
07 – Em que momento do
texto você percebeu que o amigo de que o autor fala é uma criança bem pequena?
08 – Qual é a característica do
amigo Pedro que mais chama a atenção do cronista?
09 – Também há nesta crônica
pontos em que o autor diz as coisas com certo humor. Identifique alguns
deles.
10 – A viagem do neto faz o
cronista pensar na vida. Que sentimento ele expressa ao final do texto?
11 – Observe, por fim, as
diferentes formas que o autor usou para fazer referência à cor dos olhos do
neto. Observe também que ele começa falando dos olhos e termina por referir-se
ao olhar. Que efeito de sentido tem esse deslocamento na descrição que o autor
faz do neto?
" A leitura me faz ir aonde os meus pés não podem me levar. "
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