quarta-feira, 1 de abril de 2020

Professora: Lucivânia - Português - 7º A, F e G Atividade 1





Escola Estadual Professor Fernando Buonaduce
Osasco
Ensino Fundamental II
Abril de 2020
Turmas: Sétimos:                   A/F/G
Professor (a): Lucivânia Maia
Disciplina: Português
Período: tarde




TEXTO: NO AEROPORTO

         CARLOS DRUMMOND DE ANDRADE 



Leia o texto atentamente, em seguida responda as questões.

     Viajou meu amigo Pedro. Fui levá-lo ao Galeão, onde esperamos três horas o seu quadrimotor. Durante esse tempo, não faltou assunto para nos entretermos, embora não falássemos de vã e numerosa matéria atual. Sempre tivemos muito assunto, e não deixamos de explorá-lo a fundo. Embora Pedro seja extremamente parco de palavras e, a bem dizer, não se digne pronunciar nenhuma. Quando muito, emite sílabas; o mais é conversa de gestos e expressões, pelos quais se faz entender admiravelmente. É o seu sistema.
         Passou dois meses e meio em nossa casa, e foi hóspede ameno. Sorria para os moradores, com ou sem motivo. Plausível. Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva. A vista da pessoa humana lhe dá prazer. Seu sorriso foi logo considerado sorriso especial, revelador de suas boas intenções para com o mundo ocidental e o oriental, e em particular o nosso trecho de rua. Fornecedores, vizinhos e desconhecidos, gratificados com esse sorriso (encantador, apesar da falta de dentes), abonam a classificação.
         Objeto que visse em nossa mão, requisitava-º Gosta de óculos alheios (e não os usa), relógio de pulso, copos, xícaras e vidros em geral, artigos de escritório, botões simples ou de punho. Não é colecionador; gosta das coisas para pegá-las, mirá-las e (é seu costume ou sua mania, que se há de fazer) pô-las na boca.
         Quem não o conhecer dirá que é péssimo costume, porém duvido que mantenha este juízo diante de Pedro, de seu sorriso sem malícia e de suas pupilas azuis – porque me esquecia dizer que tem olhos azuis, cor que afasta qualquer suspeita apressada, sobre a razão íntima de seus atos.
          Poderia acusá-lo de incontinência, porque não sabia distinguir entre os cômodos, e o que lhe ocorria fazer, fazia em qualquer parte? Zangar-me com ele porque destruiu a lâmpada do escritório? Não. Jamais me voltei
para Pedro que não me sorrisse; tivesse eu um impulso de irritação, e me sentiria desarmado com a sua azul maneira de olhar-me.
          Eu sabia que essas coisas eram indiferentes à nossa amizade – e, até, que a nossa amizade lhes conferia caráter necessário, de prova; ou gratuito, de poesia e jogo.
             Viajou meu amigo Pedro. Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído. De repente o aeroporto ficou vazio.

Autor:Carlos Drummond de Andrade

Questões:

01 – Como você classificaria Pedro: uma pessoa egoísta ou egocêntrica? Justifique sua resposta.


02 – O gênero textual ao qual se enquadra o texto “No aeroporto”, de Carlos Drummond de Andrade, é:
a) Conto.
b) Fábula.
c) Crônica.
d) Ensaio.


03 – Qual a intenção do narrador ao usar a expressão grifada no trecho abaixo?
“Era a sua arma, não direi secreta, porque ostensiva.”

a)   Destacar o poder do sorriso de Pedro na vida das pessoas.
b)   Apreciar a ousadia de Pedro quando sorri para as pessoas.
c)   Mostrar o sorriso como elemento de fantasia na vida de Pedro.
d)   Expressar a influência que o sorriso dissimulado exerce.
e)   Demonstrar a inquietação de Pedro ao sorrir para as pessoas.


04 – Que significa a palavra sublinhada sugere no contexto?
“Fico refletindo na falta que faz um amigo de um ano de idade a seu companheiro já vivido e puído”.
     
05 – Pela descrição do autor a respeito de Pedro no início do texto, como Pedro nos parece?
     

06 – E afinal quem é Pedro?


07 – Em que momento do texto você percebeu que o amigo de que o autor fala é uma criança bem pequena?

     
08 – Qual é a característica do amigo Pedro que mais chama a atenção do cronista?
09 – Também há nesta crônica pontos em que o autor diz as coisas com certo humor. Identifique alguns deles. 


  
10 – A viagem do neto faz o cronista pensar na vida. Que sentimento ele expressa ao final do texto?
  
    
11 – Observe, por fim, as diferentes formas que o autor usou para fazer referência à cor dos olhos do neto. Observe também que ele começa falando dos olhos e termina por referir-se ao olhar. Que efeito de sentido tem esse deslocamento na descrição que o autor faz do neto? 
" A leitura me faz ir aonde os meus pés não podem me levar. "

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